O mundo vai voltar ao normal? A nova onda de contaminações, e consequentes restrições trazidas pela variante ômicron causará apenas um atraso em uma inevitável volta à normalidade? Ou realmente foi estabelecido um novo normal, novos hábitos e costumes que vieram para ficar. E é possível mensurar o quanto nos afastamos, ou não, da maneira como vivíamos antes da pandemia?
O índice de normalidade da The Economist.
The Economist dispensa apresentações. É uma das mais respeitadas revistas de economia e negócios do mundo, que além de sua qualidade jornalística, tem uma fonte de informações privilegiada, a The Economist Inteligence Unit, divisão de análise e pesquisa do grupo que existe desde 1976, fonte de informações para grandes corporações, instituições financeiras e governos.
Com essa capacidade de coleta a análise de dados, a The Economist criou o seu Índice de Normalidade, que informa e atualiza constantemente o quanto o mundo já retornou ao normal, analisando 8 variáveis, em 50 países, que correspondem a 76% do PIB e 90% da população mundial. E um deles obviamente é o Brasil.
Movimento das lojas físicas,
Tempo gasto fora de casa,
Uso de transporte público,
Ocupação de escritórios,
Engarrafamentos urbanos,
Números de voos comerciais,
Ingressos vendidos para salas de cinema
Ingressos vendidos para eventos esportivos profissionais
Nesse índice, corresponde a 100 a situação de cada um desses itens em dezembro de 2019, sendo calculada ainda uma média que traduz em um único número o grau de normalidade do mundo em relação ao pré-pandemia.
A escolha desses itens para serem medidos faz todo o sentido, porque eles foram direta e fortemente afetados pela pandemia. Entender o que acontece com eles é uma boa indicação de como as pessoas estão se com se comportando. E de que produtos ou serviços podem ser criados, ou adaptados, para atender a esse novo comportamento. E apresenta indicações do que voltará, ou não, a ser o que era antes da crise começar.
Indice de volta à normalidade em dezembro de 2021 e Janeiro de 2022
Dezembro 2021 Janeiro 2022
Índice Geral 76 75
Varejo Físico 104 93
Tempo fora de Casa 97 93
Uso de transporte Público 95 83
Ocupação de escritórios 90 80
Tráfego / engarrafamentos 89 64
Voos comerciais 45 47
Eventos esportivos profissionais 28 54
Salas de Cinema 28 48
É possível chegar a uma conclusão?
Analisando brevemente esses dados, eles podem parecer conflitantes. Mas é preciso lembrar que correspondem a uma média mundial, que inclui países que passam por fases diferentes em relação à pandemia.
Mas se podemos chegar a uma conclusão, é que se o surgimento da ômicron foi um balde de água fria para quem já imaginava um maior retorno à normalidade, com uma consequente recuperação mais vigorosa da economia, mesmo com problemas graves como o caos logístico mundial, é que a pandemia deixou de ser um evento imponderável e imprevisível na vida das pessoas e no cotidianos das empresas.
A pandemia é ainda tem grande peso, mas, como provável consequência das campanhas de vacinação, ela se tornou um problema com o qual as pessoas e as empresas buscam conviver, não um fator impeditivo definitivo para que se tome uma série de decisões.
Afinal, o comportamento pré-pandemia voltará?
Não na opinião do correspondente da The Economist James Freshan, no artigo “Will Pre-Pandemic Behavior Ever Return?” – O comportamento pré-pandêmico voltará um dia? , publicado em 8 de novembro de 2021. Para ele, as pessoas estarem vacinadas é uma condição necessária, mas não suficiente para o retorno à normalidade.
Freshan observa que quando a crise começou, atividades como voos comerciais, cinemas e eventos esportivos, foram canceladas ou restritas por decisões governamentais, enquanto lojas físicas e escritórios foram esvaziados em função de escolhas das pessoas e das empresas.
Mas quando as restrições governamentais foram levantadas, salas de cinema e escritórios não retomaram, e na opinião de Freshan, não retomarão o nível de ocupação que tinham antes da pandemia. As salas de cinema, por exemplo, ele estima que não reunirão mais do que 80% do público que tinham no passado.
A razão disso iria muito além de um suposto medo das pessoas se aglomerarem novamente. A resposta estaria nas mudanças disruptivas que a tecnologia permitiu, para as quais a pandemia criou a oportunidade de serem implementadas.