Os 5 hábitos do novo consumidor pós-pandemia no mundo digital


O isolamento social instituído pela pandemia de Covid-19 afetou profundamente os hábitos e percepções das pessoas, acelerando a consolidação de alguns hábitos digitais, mudando outros e até abrindo caminho para novas tendências, antes freadas por razões culturais. Como toda mudança,  o mundo pós pandemia traz ameaças e, obviamente, oportunidades, que podem ser aproveitadas conhecendo Os 5 hábitos do novo consumidor pós-pandemia no mundo digital.

1 – Compras online com maior frequência, quantidade e variedade

Apesar das compras em e-commerce já serem uma tendência há muito consolidada, havia ainda uma parcela considerável dos consumidores que não era adepta desse tipo de compra, por medo de fraudes com seus dados, ou por preferirem a experiência de compra no varejo físico. Após a pandemia de coronavirus, essas pessoas não tiveram opção além das compras por comércio eletrônico para satisfazer suas necessidades de consumo.

Nos Estados Unidos, as vendas dos supermercados através de e-commerce duplicaram durante a pandemia. 85% dos consumidores que fizeram uma compra online pela primeira vez se disseram satisfeitos e 75% afirmaram que pretendem incorporar esse hábito, ou seja, continuarão comprando pela internet.

No Brasil, mesmo com uma realidade econômica diferente, os números também são animadores para o e-commerce, com 40% dos consumidores tendo aumentado suas compras online em 2020, apesar de terem diminuído os gastos.  A mesma porcentagem, 40%, pretende continuar comprando online, e, dado que todos os varejistas devem prestar atenção, 35% indicou que pretende diminuir a ida às lojas físicas no futuro pós-pandemia.

No que prestar atenção

Aceleração da entrada de empresas e marcas no mercado digital através de e-commerces próprios, marketplaces e estratégias D2C (Direct to Consumer) para indústrias.

Tendência de repensar a rede de lojas físicas. Mais do que nunca, instalações que demandam um alto investimento terão de gerar uma receita, ou um ganho de percepção de valor para a marca, que o justifique.

Aumento da competição no e-commerce, levando a mais investimentos para atrair tráfego e gerar leads, tanto de maneira paga, como Google Ads, Facebook Ads e similares, como orgânica, através de blogs, postagens em mídia social e outras formas de marketing de conteúdo.  Esse conteúdo, mais do que nunca, deverá ter todos os formatos possívei: textos, vídeos, podcasts, infográficos, para atrair a maior quantidade de públicos possível.

Foco nas pessoas. A experiência do usuário, UX, deverá ser continuamente melhorada.

2 – Downloads e instalações de aplicativos de qualidade de vida

Durante a fase mais crítica de isolamento social, com as pessoas trancadas em casa, o número de downloads de aplicativos cresceu, especialmente aqueles que ajudavam a lidar com essa situação. A instalação de aplicativos para auxiliar práticas de meditação ou equilíbrio mental aumentou 20% no Brasil, 8% nos Estados Unidos, 11% na China e 7% na Itália, alguns dos países mais atingidos pela pandemia.

No que prestar atenção

Analise a razão que faz com que qualquer pessoa baixe e instale um aplicativo. A resposta sempre será se ele resolve algum problema. A tendência de crescimento desse tipo de aplicativo denota tanto uma oportunidade para as marcas produzirem conteúdos relacionados a esse objetivo, qualidade de vida, como em pensarem na publicidade nesse tipo de app para produtos e serviços relacionados a isso.

Mesmo com as medidas de isolamento sendo relaxadas em algumas cidades, a busca por equilíbrio e bem-estar continuará sendo uma tendência, já que muitas consequências psicológicas do isolamento social já foram identificadas e estão sendo estudadas, e devem persistir, enquanto outras ainda irão se manifestar.

3 – Menos resistência ao Ensino à distância

O EAD, ensino à distância, sempre foi uma tendência promissora, visto pelas instituições educacionais e empresas que investem no treinamento de sua mão de obra como uma solução de custo relativamente baixo, em relação ao formato presencial, com uma enorme possibilidade de crescimento, devido ao seu potencial de escalonamento do conteúdo praticamente ilimitado.

Apesar do potencial, a expansão do EAD sempre esbarrou na alta taxa de desistência dos estudantes, causada principalmente pela dificuldade de concentração no ambiente da internet, que favorece a dispersão, como na falta de experiência de muitas instituições e profissionais de ensino em criar conteúdo que realmente atraísse e mantivesse a atenção, especialmente quando tratava de temas mais áridos.

Com o isolamento social, não houve opções para adultos e crianças que queriam estudar. De acordo com a pesquisa Covid-19 Response, da McKinsey & Company, 13% das famílias americanas, 16% das italianas e 9% das chinesas iniciaram cursos à distância, para pais ou filhos. Esse número, no Brasil, chega a notáveis 42%.

No que prestar atenção

A pandemia de Covid-19 forçou uma quebra de paradigma em relação ao EAD, tanto por parte dos estudantes como de seus pais, que demandaram o produto. E mesmo instituições de ensino de excelência, que não tinham ainda desenvolvido essa expertise, tiveram de fazê-lo  em tempo recorde.

Mesmo quando as instituições de ensino puderem retomar as atividades, e até mesmo quando houver uma vacina que permita que tudo seja como antes, tanto os estudantes como as escolas e faculdades já terão tido uma experiência valiosa com o EAD, abrindo um universo de possibilidades, um enorme mercado tanto para a produção de conteúdo como para as plataformas para a sua disponibilização.  

4 – Aumento do uso de aplicativos de vídeo conferência

Durante a quarentena, termos já conhecidos do público, como os veteranos Skype e Google Hangouts e novatos como  Zoom e Houseparty passaram a fazer parte do vocabulário do dia-a-dia para as famílias, sendo usados tanto para o EAD que substituiu as aulas presenciais ,como para as reuniões de trabalho de quem adotou o home office . Além dos encontros sociais à distância entre amigos e parentes, separados pelo distanciamento social.

Veja como o uso dos aplicativos de vídeo conferência aumentou, e qual foi a sua utilização por razões profissionais, durante a pandemia no mês de maio de 2020.

Brasil – Aumento de 26%

China – Aumento de 18%

Itália – Aumento de 22%

Estados Unidos – Aumento de 24%

Outro dado que chamou a atenção foram as consultas médicas online, para saúde física ou mental, que aumentaram em todo o mundo.

Brasil –  aumento de 12%

China – Aumento de 4%

Itália – Aumento de 2%

Estados Unidos – Aumento de 9%.

No que prestar atenção.

Esses dois aumentos chamam a atenção por uma quebra de paradigma em relação ao sistema de trabalho home office e à telemedicina.

O home office sofria uma resistência cultural porque ele diminui muito os limites entre horário e ambiente de trabalho e os de descanso/lazer/convivência familiar. Mas, uma vez que a necessidade de isolamento social obrigou que pessoas e empresas fizessem a experiência e vissem o que funciona e o que não, podemos considerar esse um caminho sem volta, especialmente pela economia de tempo e custos em instalações e ida e volta do trabalho.

O desafio para empresas e profissionais está em estabelecer os limites saudáveis entre os momentos e locais para o trabalho e para as outras coisas da vida. A oportunidade está em oferecer produtos e serviços voltados para essa modalidade de trabalho, como por exemplo, incluir  essa necessidade nos projetos arquitetônicos das novas residências e adaptar as existentes.

A telemedicina é uma modalidade de atendimento que sempre teve alguma resistência por parte dos profissionais de saúde, que argumentavam, com razão, sobre a impossibilidade de um exame clínico à distância, o que aumentava muito as chances de um diagnóstico errado, com todas as suas possíveis consequências.  Como eles sempre devem colocar  em primeiro lugar a saúde do paciente, a telemedicina era considerada arriscada.

Mas a pandemia de Covid-19 mudou a correlação entre riscos e ganhos, já que a prioridade era evitar novas contaminações pelo novo coronavirus,  aumentando consequentemente as internações e o risco de levar o sistema de saúde ao colapso. Os próprios profissionais de saúde consideraram que atender os clientes por vídeo conferência era mais seguro para eles, deixando as consultas presenciais para casos realmente necessários.

Não há dúvidas que há partes da prática da medicina que não podem ser feitas por videoconferência, como por exemplo, um exame clínico detalhado, realizado por um profissional qualificado, que podem ser tão ou mais importantes para um diagnóstico e tratamento corretos, quanto exames laboratoriais ou de imagem.

Mas a experiência durante a pandemia mostrou ser possível realizar as partes menos críticas do atendimento médico por telemedicina, abrindo um enorme campo de possibilidades para as empresas e os profissionais de saúde, inclusive para a redução de custos e a universalização da saúde.  

5 – Jogos Online explodem durante a pandemia

Como uma das poucas formas de entretenimento que ainda permitem a interação com pessoas em outros lugares durante o isolamento social, os jogos online explodiram durante a pandemia de coronavírus. Entre os entrevistados brasileiros da mesma pesquisa da Mckinsey & Company, 38% começaram essa atividade no Brasil, 16% nos Estados Unidos, 15% na Itália e 23% na China.

Mais do que o aumento do público que aderiu aos vídeo games online, existe uma mudança na percepção que muitas pessoas tinham desse tipo de entretenimento, que antes era visto negativamente, como razão para alienação social e um modo de vida sem contato com outras pessoas, especialmente entre crianças e adolescentes, além de serem injustamente culpados por comportamentos antissociais.

Essa percepção mudou, com especialistas em saúde mental apontando não somente não haver perigo nos videogames, quando usados com moderação e limite, como no momento em que a as pessoas foram obrigadas a se isolar, os vídeo games foram uma ferramenta valiosa para o entretenimento e interação entre pessoas que estavam em locais diferentes.

No que prestar atenção

Os jogos online conquistaram um novo grupo de consumidores. Obviamente isso abre uma oportunidade para as desenvolvedoras criarem novos jogos para esse público. Mas também existe a possibilidade de as marcas utilizarem os games como mídia para interagir com esse público, tanto em games já existentes como criando os seus próprios.

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